quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Eu vou para o mar...


Os dias vão passando e eu fico pensando quem sou, onde estou, de onde venho, para onde irei...
São tantos os questionamentos, que fico sem alento, fico sem chão...
Nem Clarice, nem Espanca, já nem as leio, elas de mim se cansam e eu fico sem eixo, sem nexo, sem sexo...
Quero ver o sol nascer e também se pôr, quero a onda me levando, mas até onde eu possa enrijecer-me...e secar-me nesse sol que aquece minh'alma do(rm)ente...
Quero sentir o sal desse mar grande, tão imenso como o horizonte, tão salgado como minhas lágrimas, mas tão doce como meus sonhos.
Quero ouvir o som da brisa passando pelas orelhas e zunindo fino como que contando segredos que só eu possa saber...
Sim, vou para esse mar, quero lá deixar, como de raro costume, todas as minhas agruras e renovar minhas esperanças, que são tantas!
É naquela mudança constante d'água que sinto-me renovada, eu molho o corpo e todo o meu ser, é um contato tão íntimo com a natureza, é Deus que ali se faz com certeza, é um momento de puro prazer!
Nada melhor que uma entrada de ano para anotar todos os planos, banhar-se e comtemplar todas as belezas que um ser humano possa reconhecer.
Vou para o mar, sentarei no chão, n'areia, vou brincar de ser sereia, vou entoar cantos de alegria e fé, vou pisar com o pé direito a primeira onda que eu pular, eu vou, eu vou para o mar...
Jan de IanSá, poucos momentos antes de ir para o mar para ver, sentir e viver a virada do ano!
Gravura de Iemanjá: quadro pintado por Lídia de Almeida

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Mário Quintana e a idade de ser feliz...


A IDADE DE SER FELIZ

Mário Quintana

Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem preconceito nem pudor.Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.

Breve biografia de Quintanares

Foi em 1906 em Alegrete, gaúcho,
que nasceu esse menino,
Mário de Miranda Quintana
tendo como jornal
sua 'prima' cartilha, nada usual

Pois em 1919, foi na Hyloea
revista literária aquela,
seis anos após aprender a ler
em que publicou, estudante
seus escritos iniciantes

Trabalhou em farmácia,livraria,
revista, jornal e deu grande
contribuição, a partir de 34
traduzindo para os brasileiros
Voltaire, Woolf, Yutang, Marsyat...

Em busca do tempo perdido
densa obra de Marcel Proust
numa super literária colaboração
Mário traduziu do francês
pois aqui não a tínhamos em português

Em 94, quase 87 anos
após tantas escrituras,
poesias e prêmios
ele pôde conhecer a 'libertação total',
"a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos."

Escreveu, viveu e encantou,
muitas vezes profetizou
Ah! Quintanares, és como os luares!
bem sei que "esses que aí estão
atravancando meu caminho, eles passarão...eu passarinho!"


Hoje, aqui e agora, na idade de ser feliz
,
Jan de IanSá

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Há muitos anos atrás...

Quando completei oito anos meu pai presenteou-me com um presente material e um d'alma, esse último carrego nas mãos e no meu ser até hoje. É um lindo cartão que na capa estampa um buquê de margaridas, rosas e tulipas, com uma borboleta azul e amarela sobre elas. Mas o melhor está quando abrimos o mesmo, há versos escritos com amor paterno e eterno...:

à Jan pela passagem natalícia
de seu oitavo degrau na escada
da vida - com profundo amor dedi-
co-lhe...:

hoje é seu aniversário.
estais, pois, de parabéns;
raia nova década - a de 80;
jovem ficas - eu já vou além...
aqui peço a Virgem do Rosário
nortear-lhe com a bússola para o bem!...
sabe Deus ungir todas crianças
ao seu Reino com fé e esperanças...
prossiga sua trilha nesta vida,
irmanada ao Belo que existe
no mundo...ó filha querida!...
tenha cautela - não desista.
oito anos agora e milhões à vista!...

de seu pai: HPP-Herpapin
Salve 29 de dezembro

Querido pai, sei que não estamos mais juntos, mas carrego você comigo(e toda vez que abro seu cartão eu choro de alegria!), assim como todo o seu legado deixado, todas as coisas boas que você plantou eu soube colher. Até qualquer dia quando iremos nos encontrar novamente...
Jan de IanSá

domingo, 28 de dezembro de 2008

turista


sou turista
daqui
dali
e dacolá, meu bem,

sou turista
de fortaleza
do ceará
e do brasil, além...

sou turista
deles
delas
e de ti também?

sou turista
dessa vida
desse karma
até de mim, amém!

Jan de IanSá
foto do meu último almoço em São Luis-Ma, a ilha do amor, em agosto de 2006, de onde sou eterna turista-nativa, amém!

breu meu


tentei não pensar em ti
foi tudo em vão
essa saudade só invade
e me condena
à tristeza
e à solidão

esse meu passo falho
no meu caminho
sem destino
é só um atalho
pro meu brado fraco
do meu corpo leve
e minh'alma tonta

sei que ela conta
com o sol do amanhecer
mas quando a lua é musa
é que caio em mim

quero plantar sementes
e ver o verde em mente
quero a brisa no rosto
a flor e o gozo

mas é o breu
que tenho meu

tentarei, então,
pensar em ti
somente
ver se minha mente
mente prá mim
e se não sente
essa serpente
da dor sem fim...

Jan de IanSá

Você também é Iemanjá?


foi meu poeta que disse,

'é onda que vai
é onda que vem'
e eu fui procurar
o meu amor por lá
eu fui pro mar
eu queria sonhar

ele cantou
'é a vida que vai
não volta ninguém'
e eu mergulhei
nesse mar de minha mãe
Iemanjá mandou dançar

'menina bonita
pra onde é "qu'ocê" vai?'
ele perguntou
mas aprendi a amar
e que eu também
sou Iemanjá

Jan de IanSá
escritura feita aos sentidos da canção bocochê
in os afro-sambas de Vinícius de Moraes e Baden Powell

meu quarto


na bagunça desse quarto
eu amarro o meu traço
e faço do meu peito
uma folha para escrever
escrevo versos sem rumo
olhando
roupas e livros
sapatos e discos
fotos e colares
cartas e maquiagens
e essa bagunça é tanta
que me deixa tonta!
tonta por não saber
onde vai caber
tanto sentimento

vai explodir meu crer
vai explodir meu quarto
vai explodir a cama
vai explodir a trama

e não vai sobrar nada
nessa bagunça larga
que virou meu quarto e ser.

Jan de IanSá
foto: quadro de Van Gogh, o dormitório III-museu d'orsay(Paris)

Amanhã é o meu aniversário e hoje é o ultimo dia do meu ano!




Hoje fiz um balanço do meu ano e sei que o próximo será melhor ainda:

nesse ano

nesse ano eu voei alto, atravessei mares, reencontrei amigos e vi ao vivo o que dantes era papel: sacré coeur, rio sena, molin rouge, louvre e torre eiffel

nesse ano toquei tambor, senti calor, fiz mais amigos e conheci um amado que está aqui no meu danado coração que é alado

nesse ano pus no papel tanta emoção, ouvi canção, dancei sambão e cantei alto a minha oração de que eu ainda tenho fé pro que der e vier

nesse ano ainda não fui pra capoeira, mas se Deus quiser, em 2009 a angola vai me ter e eu vou tocar berimbau e atabaque com a alma inteira

nesse ano me realizei na produção da arte com nossos alunos que dançaram, cantaram e representaram, aquele agosto deu gosto de vi(ver)

nesse ano fui na terra do Padim Ciço e me encantei com tanto viço de arte e doçura que lá conheci, foi aos mestres de cultura uma homenagem que fiz

nesse ano eu fiz de tudo, tudo de bom que eu poderia ter feito e se tivesse que tudo fazer novamente eu me entregaria cegamente!

Jan de IanSá
foto clicada numa madrugada linda com amigos que moram longe, mas que ficam dentro do meu peito! coucou!

Porta de entrada, aconchego e lábios com batom encarnado num sorriso largo!


Olá, pessoas!
Sejam todos e todas bem-vindos a esse espaço humilde(pois meus versos não são nobres), mas feito de carinho, como uma colcha de retalhos, a minha terá mais retalhos vermelhos e esse poema que é o lema explica a razão:


retalhos vermelhos

sou um todo
feita de detalhes
como uma colcha antiga
cosida a retalhos
cada pedaço é um ato
um laço atado em meu ser
são tantas cores
dores, sabores,
tantos humores,
amores...
e tantos tambores!
são coloridos os quadrados
azul, verde, amarelo,
rosa, lilás e vermelho
esse é o que mais há
são pedaços vermelhos de mim

vermelhas as paixões que vivi
vermelhas as tensões que sofri
vermelho o batom que usei
vermelho o tambor que toquei

cada muitos pedaços vermelhos:
o escarlate, o carmesim e o magenta,
estão todos nessa lenda
onde moro, morro e sei.
Jan de IanSá