sábado, 31 de janeiro de 2009

Christiano Câmara: o homem história que mora no seu museu vivo!



Classificando o dia de ontem em cores, digo: ele foi plural, precioso e preciso, foi vermelho de paixão pela vida, foi verde de esperança num mundo melhor, foi amarelo de riqueza cultural e emocional, foi azul de tudo fluindo melhor do que deveria... Enfim, foram todas as cores e nuances perfeitas do arco-íris!
Para não esquecer da manhã, que foi de cura, Dona Cleinha aplicou-me uma holística massagem corporal e terapêutica, numa oca natural e de paz, ao som de pássaros cantando e de ondas quebrando à beira mar, tudo isso no Projeto quatro varas, que situa-se na comunidade do Pirambu, a partir de agora destinarei uma das minhas manhãs a esse momento lá. Esse tesouro tão perto de mim e eu ia buscar esse tipo de massagem em destinos tão distantes, outrora...

Já relaxada, de corpo e mente, não deveria ter que labutar, por conta da chuva e dos destroços causados por ela, minha escola precisou de uma reforma urgente: folga para a vida! Coincidiu com a aceita ao convite a mim enviado via e-mail no dia anterior:

Edição especial de Percursos Urbanos, em parceria com a Vila das Artes, faz viagem através do tempo, relembrando histórias dos cinemas de rua de Fortaleza.
Nesta sexta-feira, dia 30, o projeto Percursos Urbanos, realizado pela Mediação de Saberes em parceria com o Centro Cultural Banco do Nordeste, fará uma viagem especial pelas ruas de Fortaleza. Nesta edição, com o apoio da Vila das Artes, o tour vai percorrer a rota dos cinemas de rua. Todo o trajeto será acompanhado pelo pesquisador e historiador Christiano Câmara. A saída está marcada para amanhã, às14h, da Vila das Artes (rua 24 de Maio, 1221, Centro). No roteiro o Museu do próprio historiador, o Cine Nazaré, São Luiz, o Cine Majestic (foto), entre outros. Embarcam por este passeio os alunos do Pontos de Corte, projeto de formação de agentes culturais e exibidores independentes da Escola Pública de Audiovisual da Vila. Também podem participar pessoas interessadas em conhecer um pouco mais sobre as histórias dos antigos

cinemas e suas magníficas construções. As inscrições podem ser feitas até às 12h desta sexta-feira pelos telefones: 3252-1444 ou 3105-1404. O percurso será realizado por um ônibus de linha e é gratuito. O retorno está marcado para às 17h30.

Liguei ainda na matina e inscrevi-me, já sentia a alegria iniciando por aquele momento ímpar!
Entramos no ônibus e Thaís Monteiro explicou o que era esse projeto e tudo o que os Percursos Urbanos oferecem à nossa população.
Thaís explicando o trajeto do dia

Da Vila das Artes seguimos para a casa do Christiano Câmara, o homem história. Sua doce esposa, Dona Douvina, já nos esperava ao portão, cena poética aquela, adentramos após abraços e beijos naquela senhora que não nos conhecia, mas ela nos recebia com tanta candura que parecia até ser da nossa família! Para mim foi o início de uma entrada num túnel do tempo, passamos por um corredor estreito sem teto e chegamos à porta de entrada, fotos, quadros e reportagens e já na entrada dessa varandinha duas cadeiras antigas de um cinema, com um poster do Lampião e seu bando de jagunços, sinal de todo ecletismo que iríamos encontrar naquele autêntico museu vivo.

E a luz no fim do túnel brilhou forte, era ele que lá estava, sorriso largo e braços abertos para mais uma vez cumprir um papel que ele próprio criou e trilhou, legar ao próximo toda a cultura que ele pesquisa e o faz com tanta veemência, tanta paixão, que logo concluimos: uma só visita é um átimo do que precisamos para termos nossas almas alimentadas por aquele professor-mor!

Ele criou seu patrimônio histórico ao longo de sua vida e os acomoda em sua própria casa, mora numa casa viva de memórias e entrando lá sentimos que voltamos ao passado rico, que a sociedade não conseguiu preservar, pela ganância do capitalismo. Em uma das suas 'tiradas' formidáveis ele solta: "O povo cearense é o único que faz piada com o antigo, pois quando encontra algo velho logo diz: é o novo!" Fantástico isso, pois é a pura realidade, ele sintetizou em poucas palavras dois grandes adjetivos do nosso povo, o desprezo à história, com a destruição dos antigos prédios e tudo o que eles preservam do nosso legado, assim como a molecagem, que rapidamente faz piadas com tudo o que não é contemporâneo. Esse foi um comentário pertinente à mostra de uma foto do prédio de um antigo cinema de Fortaleza, que foi destruído para a contrução de mais um edifício, que gera mais rendas aos empresários.

Aqui somente deixarei registrada a emoção(posto que muitos outros já relataram sua vida e eu ainda irei mais vezes por lá para aprender e apreender com ele...)desse primeiro encontro ao vivo com esse homem encantador, um rei e seu reino, nesse castelo rico, precioso, essas jóias raras que ele preserva, como ele disse para mim no seu primeiro dos três convites durante essa tarde: "aqui há toda uma vida!". Senti-me honradíssima em ter portas abertas nas próximas visitas, que serão em breve, preciso retornar a esse museu do meu agora queridíssimo Christiano! Eu já li sobre ele, assisti o seu documentário, bem como uma palestra ministrada sua e até visto a camisa do seu documentário, que ganhei do poeta Lellis Luna na mesma noite de estréia do mesmo no ano de 2003, mas poder ser sua aluna-amiga assim, visitá-lo e poder ouvir tudo o que ele quer dizer para a humanidade é quase que inenarrável! Aprender sobre música, cinema, história, política, vida enfim, não só do mundo, mas principalmente da minha Fortaleza, nenhum livro poderá fazê-lo como ele, pois Christiano Câmara é insubstituível sim!

O homem história e eu em seu museu vivo
Christiano Câmara, Douvina Câmara e eu na rua da escadinha 162, o amor deles é um dos mais lindos que já vi!

E após pedir para posar numa foto com ele, foi bem engraçado, posto que o memso respondeu que não poderia negar uma foto com uma mulher bonita, mencionou e cantarolou parte de uma música de Ataulfo Alves, em que compara uma mulher bonita a um cheque em branco ao portador(risos):

Cheque ao portador

Composição: Ataulfo Alves e J. Barcellos

Cheque ao portador
O teu sorriso vale um conto
Teu olhar um conto e cem
Um beijo teu, o teu amor
Um cheque em branco ao portador
Se eu fosse milionário
Tudo isto te daria
Nem que eu fosse à falência
Esse cheque assinaria
Eu sei que o teu amor
Vale mais que o trono do Imperador.

Tudo lá funciona...
Não pude esquecer de clicar essa foto, após ouvir esse aparelho antigo tocar, senti-me nas décadas de setenta e oitenta, aquele trimmmmmmmmmmmmmmm ecoou por muitos minutos em mim e fez-me lembrar momentos ternos e doces, momentos de calmaria que a modernidade não deixa-nos mais vivenciar. Pois na casa do Christiano é assim, tudo é paz, conhecimento e riqueza, num tempo que não combina com a pressa, nunca!

E para quem quer saber mais da biografia dessa figura nobre do mundo, eis a que Nelson Augusto(dileto radialista, jornalista e produtor cultural da nossa terrinha) postou em seu site:

Christiano Câmara: trajetória de vida

O pesquisador cearense e musicólogo Christiano Câmara nasceu na casa onde mora, à rua Baturité, 162 (antiga rua da Escadinha), no centro de Fortaleza, no dia 7 de outubro de 1935. Seu pai, jornalista Gilberto Câmara, foi um dos fundadores da Associação Cearense de Imprensa (ACI) e conceituado critico literário. Sua mãe era Zuleika Stael Câmara, uma das primeiras funcionárias dos Correios e Telégrafos. Ambos são falecidos.

Christiano cursou o primário no Colégio Castelo (de saudosa memória) e o ginasial no São João (também já destruído). Terminou o curso científico no Liceu Estadual do Ceará (que ainda existe e resiste à especulação imobiliária que está desfigurando nossa cidade). Embora não tenha cursado Faculdade, é um conceituado autodidata em matéria de Música (de qualquer espécie: popular, erudita, internacional ou de cinema). Também é profundo conhecedor da História do Cinema. Aliás, costuma dar palestras em ambas as matérias.

Em 1956, casou-se com Douvina de Andrade Câmara (com a qual vive até hoje, coisa raríssima nos dias atuais), e de cujo amor nasceram três filhas: Wanda, Zuleika e Yara (nascida em 1961 e falecida em 1976). Wanda e Zuleika lhes deram cinco maravilhosos netos, os quais, segundo Christiano, trouxeram nova luz à sua inquebrantável vontade de viver. São eles: Adriana, Thais, Christiano, Sara e Gustavo.

De 1950 a 1956, trabalhou no antigo IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão de Industriários, hoje extinto) e, a partir de 1956 e até se aposentar, em 1979, no Banco do Brasil. A exemplo de seu pai, exerceu o jornalismo colaborador, escrevendo para o jornal O Povo uma coluna semanal sobre Música e Cinema. Isto durou de julho de 1974 até outubro de 1981.

De julho de 1982 a novembro de 1984, a convite do radialista Cid Carvalho (na época, Diretor da Rádio Cidade) produziu e apresentou (aos domingos, às três da tarde, na mesma rádio) 112 programas sobre Música Erudita, sempre procurando elevar o nível artístico dos ouvintes e recompondo acima de tudo a Verdade Histórica, desmistificando muita lenda criada em torno dos Grandes Mestres da Música.

De junho de 1989 a novembro de 1994, a convite do Dr. José Rego (seu amigo particular), produziu e apresentou 99 programas de Música Popular para a "Rádio Cultura dos Inhamuns", da cidade de Tauá (CE). O critério adotado para a feitura desses programas era o mesmo da Música Erudita.

Em abril de 1999, através da "Soft e Book", supervisionado por Henilton Menezes e Odilon Camargo, foi lançado o CD-ROM intitulado "Outras Histórias da Música Popular Brasileira", onde Christiano (acima de tudo) resgata a verdade histórica do nosso cancioneiro. A partir de 1952, Christiano começou a colecionar discos. Dez anos depois, tornou-se pesquisador, estendendo suas atividades para a História do Cinema. Hoje em dia, sua coleção conta com cerca de 20 mil discos (de cera e de vinil); 800 quadros; seis estantes de livros e quatro mil fitas (em VHS) de filmes famosos, principalmente dos anos 30, a chamada "época de ouro da Música e do Cinema".

Em agosto de 2002, o acervo de Christiano foi registrado juridicamente como uma academia cultural (sem fins lucrativos), que recebeu o nome de "Associação dos Amigos da Casa de Christiano Câmara". Há 40 anos, Christiano serve, diuturnamente, à cidade de Fortaleza, recebendo em seu acervo alunos de todos os níveis.

O resultado de tanta dedicação à Cultura foi um filme de curta-metragem (18min) em 35mm, feito em fevereiro de 2002 pelo cineasta Márcio Câmara, sobrinho do biografado. Este documentário,intitulado "Rua da Escadinha, 162", traz depoimentos apaixonados (e apaixonantes) do pesquisador, um dos poucos que não diz "Amém" a tudo o que a "Mídia" (a serviço de interesses estrangeiros) divulga, distorcendo a realidade dos fatos. Exibido em todos os principais Festivais de Cinema, até outubro de 2003, já havia recebido vinte prêmios.

Rua da Escadinha, 162: o filme

"Rua da Escadinha 162" é um documentário-libelo do cineasta cearense Márcio Câmara sobre o acervo litero-musical-cinematográfico de seu tio, o pesquisador-historiador Christiano Câmara, que, há quatro décadas, serve, diuturnamente, à cidade de Fortaleza, sem a menor ajuda dos órgãos oficiais de cultura dos governos federal e estadual.

Para as filmagens, Márcio passou dez dias indo à casa de seu tio (situada no endereço acima) e dois meses no Rio de Janeiro, ultimando a montagem final deste trabalho, que custou R$ 65 mil - realizado em filme de 16mm e, posteriormente, transposto para 35mm, a fim de poder ser exibido nas telas de vários cinemas do Brasil, em cujos festivais já recebeu os seguintes prêmios:

* 8° É Tudo Verdade - Festival Internacional de Documentários (Rio, de 8 a 13 de abril/2003):Selecionado;

* 7° Cine PE - Festival de Audiovisual (Recife, de 24 a 30 de abril/2003): Melhor Documentário, Direção, Roteiro e Montagem; * 13° Cine Ceará (Fortaleza, de 7 a 13 de maio/2003: Melhor Montagem;

* 7° Festival Audiovisual do Mercosul (Florianópolis, de 20 a 30 de maio/2003): Melhor Documentário;

* 3° Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe (Aracaju, de 19 a 25 de junho/2003): Melhor Filme;

* 2° Catarina Festival de Documentários (Camboriú - SC, de 13 a 18 de agosto/2003): Melhor Som Direto;

* 31° Festival de Gramado - RS (de 18 a 23 de agosto/2003): Selecionado;

* 14° Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo (São Paulo, de 28 de agosto a 6 de setembro/2003): Prêmio de Aquisição do Canal Brasil; Prêmio Unibanco de Cinema; Prêmio por ter sido um dos 10 mais votados entre 105 concorrentes;

* 30 de setembro/2003: Tatu de Ouro Melhor Filme Documental;

* 5° Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte (de 25 de setembro a 04 de outubro/2003): Prêmios de Diretor-Revelação; Melhor Curta Brasileiro do Júri Oficial; Melhor Curta Brasileiro do Júri Popular;

* 19° Festival do Rio de Janeiro de 2003 - Prêmio de Melhor Curta-Metragem do Júri Popular

* Melhor Curta-Metragem do Prêmio Casablanca e Melhor Curta-Metragem do Júri Popular do Prêmio Casablanca, outubro de 2003. ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS:

* Christiano Câmara - (85) 3226.8496

* Rildete Ribeiro (coordenadora do programa Museu Vivo) - (85) 3488.4132 / 9929.1995 rildetegr@bnb.gov.br

* Luciano Sá (assessoria de imprensa do BNB) - (85) 9117.1234 / 3299.3218 - lucianoms@bnb.gov.br
Fonte: www.nelsons.com.br - 06/12/2004
nelson@nelsons.com.br
O dia de ontem, que foi eterno, não parou por aqui, voltarei em breve para continuar a missão dos Percursos Urbanos edição especial (falta relatar o Seu Vavá e seu Cine Nazaré), mas por enquanto deliciem o documentário Rua da escadinha 162, vale a pena conferir:

http://www.portacurtas.com.br/coments.asp?Cod=1548#


Uma obra belíssima que fica na sala de visitas desse museu vivo!

Jan de IanSá

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O meu mundo não é como o dos outros


O meu mundo não é como o dos outros;
quero demais,
exijo demais;
há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante
que eu nem mesmo compreendo,
pois estou longe de ser uma
PESSIMISTA;
sou antes uma EXALTADA,
com uma alma INTENSA,
VIOLENTA, ATORMENTADA,
uma alma que não se sente bem aonde está,
que tem SAUDADES
sei lá de que!
Florbela Espanca



eu e a flor que me espanca

a flor é tão bela que sua beleza a mim espanca!

e dói e dá prazer...

há tanto de mim nela, tanto! ou será dela em mim?

Jan de IanSá

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Para não esquecer que:


AMOR É PROSA, SEXO É POESIA
...
...
O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em "doação". Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do "outro"; o sexo, no mínimo, precisa de uma "mãozinha". Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. "O sexo é uma selva de epiléticos" ou "O amor, se não for eterno, não era amor" (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: "Faça amor, não faça a guerra". Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM "AMORZINHO" PARA INICIAR. O amor está virando um "hors-d’oeuvre" para o sexo. O amor busca uma certa "grandeza". O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. "O grande amor só se sente no ciúme" (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.
E a canção composta por Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor: Amor e sexo

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Paratodos


quero uma banca de paratodos
quero saber dos seus sonhos
e traduzí-los em sorte
dizer-te em que bicho apostar

quero uma banca de paratodos
esperar os apostadores
e não pensar nas dores
só nos sonhos de ganhar

quero uma banca de paratodos
sentar-me e usar uma bic
azul para dar certo
a aposta no incerto

quero uma banca de paratodos
para todos ajudar
a sonhar com o prêmio sem fim
de alegrias, sem azar e din din!
Jan de IanSá

Agora são três estrelas no céu a brilhar!

Nelson Brito dançando cacuriá com Edileusa

Mestre Filipe tocando o seu tambor de crioula

Marie, Carlos Negão e eu no aniversário da esposa do Mestre Filipe

Sábado, dez de janeiro de dois mil e nove, morre Nelson Brito. O Nelson Brito do Laborarte, o Nelson do Cacuriá da Dona Teté! Ainda não acreditei nisso, é difícil de assimilar um homem tão forte, saudável, cheio de vitalidade, sempre que o vi era assim, dando ênfase em tudo que fazia, lutando pela arte no Maranhão, com um vigor que eu só tinha visto nele!
A ilha do amor chora, o Maranhão chora, o Brasil chora e o mundo também, porque ele já levou a arte desse lugar para vários países conhecer e quem conhece o Cacuriá não esquece jamais e quer mais e quer dançar e cantar junto com esse grupo maravilhoso que ele coordenava. Vai Nelson, junta-se ao Mestre Filipe do tambor de crioula e com o nosso querido Carlos Negão, dileto brincante morto brutalmente, que partiram em 2008. Agora são três estrelas no céu a brilhar! A constelação celar ficou mais rica, mais linda! Vocês três irão coordenar quem é do Laborarte, de agora em diante, daí de cima, quando junho chegar olharemos pro céu e veremos estrelhas brilhando mais que as outras, piscando intensamente sobre a linda São Luís, serão vocês três organizando de uma maneira celestial, o cacuriá, o tambor de crioula, a capoeira, a Rosa Reis cantando e o povo do Laboarte, fazendo arte para a nossa vida encantar!
Jan de IanSá

Foto de Nelson Brito por Paulinha Alcoforado, a do Mestre Filipe por mim(esse é um poster dele no Laborarte) e a do Negão por Raulito.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

E essa foi minha festa de chegada do ano novo: Andar com fé e Balé Popular!

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Ô ô
Num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Ô ô
Na luz, na escuridão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Ô ô
No calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Ô ô
Triste na solidão
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Ô ô
A pé ou de avião
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Ô ô
Pelo sim, pelo não


Foi uma das canções que Gilberto Gil cantou para nós nativos, habitantes e visitantes de Fortaleza, na primeira noite do ano corrente e uma das que ainda ouço...


Depois foi a vez de balançar o esqueleto com a Daniela Mercury,
após tanto tempo sem dançar axé-music eu me vi dançando novamente, porém de uma maneira bem mais enraizada, muito mais africana do que imaginava:

É um canto profundo
Colorindo a nação
É um som que embala
Faz pulsar coração
Êta gente que dança
O balé popular
Se caiu se levanta gloriosa a cantar
A alegria A alegria do povo
É poder cantar
Espantar o mal
Para o amor valer
E o tambor que batuca
É um toque assim
É de Nazaré é de Caxixi
Ê capoeira
Ê, ê, ê, ê....
Tem lua cheia camará
De Angola tem camará, capoeira
Ê, ê, ê, ê....
Iemanjá tá na maré
É companheira do valente pescador
Ô lerê, ô lara Ô lerê, ô lerê, ô lará
Pierre Onassis / Edilson
E eu toquei junto, no meu coração, para que esse ano seja bem afinado de muitas alegrias, luzes e cores para todos os seres!
Jan de IanSá

Fotos da festa de Mônica Saraiva e a minha por Zezinho, numa apresentação da banda Parandy.

Para todos, meus desejos para 2000inove!

Jan de IanSá