terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Show do Calé Alencar e batuque do Nação Fortaleza no Lutheria Brasil


Tudo aconteceu no Lutheria Brasil, evento que reuniu luthiers do Brasil no ginásio poliesportivo do Juazeiro do Norte. Na noite do último sábado de novembro, encantada por artistas como Geraldo Júnior e Arice Morais, foi que Calé Alencar apresentou seu novo formato de show. No palco, ele e parte do batuque do Nação Fortaleza fizeram daquela noite um momento singular para a música cearense. A sintonia que havia na percussão fez tocar os corpos presentes naquele lugar, foi difícil ficar parada, difícil não se deixar levar pelos toques afros que estão na nossa ancestralidade tão latente. Os Maracatus do Ceará, o ponto de Umbanda...foram executados na conexão perfeita entre o batuque e o cantor (também compositor, produtor, pesquisador, batuqueiro e brincante) que tem sua vida imersa na cultura tradicional nordestina e afro-brasileira, fizeram desse show um divisor de mares em sua carreira consolidada em mais de quinze anos de vivência.


Um destaque especial para a confirmação da presença feminina no movimento percussivo no Ceará, esse espaço já foi conquistado e está sendo bem representado em cada grupo que se apresenta em nosso estado, nesse show, Débora Lopes(Rainha da mesma Nação) e Luciana Martins não só graciosamente percutiram seus instrumentos, como em outro momento apenas bailaram, como se assim cumprissem alegremente suas oferendas aos seus Santos, Caboclos e Orixás, apresentaram com muito Axé sua arte ao seu público.


Calé tirador de loas, esse macumbeiro de luz intensa e radiante, de vermelho e preto, no palco liderando as caixas, os surdos,os bumbos, os chocalhos, os ganzás e os triângulos, traduziu-nos em poucos minutos a magia da cultura afro-nordestina do nosso Brasil. "Meu boiadeiro por aqui choveu ...choveu, água rolou, foi tanta água que meu boi nadou" esse ponto foi especial, oferecido ao público com todo o esmero que o pesquisador e brasileiro que conhece o seu legado poderia ter presenteado, foi uma música sacra que se fez presente real em nossos corpos e mentes.


E o Maracatu, ah! o Maracatu Cearense! Era só fechar os olhos e imaginar a avenida ali dentro daquele ginásio ...Foi onirícamente possível ver o mestre Juca do balaio com a fartura oferendada sobre sua cabeça cheia de saberes, a baliza, o porta-estandarte, a negra da calunga e a do incenso, os índios, as baianas, o casal de pretos velhos, os pajens e os Orixás, todos reverenciando a Rainha e sua corte em sua plena realeza através do Calé tirador de loas e seu batuque encantador.

O saudoso mestre Juca do balaio e o cantor Calé Alencar

Esse texto foi escrito a pedido do próprio cantor a mim, durante o evento Mestres do mundo e Lutheria Brasil que ocorreram simultaneamente, entre novembro e dezembro de 2008, na cidade de Juazeiro do Norte, terra do meu Padim, Padim Ciço.

Mais informações sobre a Nação Fortaleza no site http://www.batoque.com/fortaleza


e sobre a obra do cantor, no dicionário Cravo Albin de música popular brasileira http://www.dicionariompb.com.br/verbete.asp?tabela=T_FORM_A&nome=Cal%E9+Alencar


Fotos do blog da Nação Fortaleza.
Jan de IanSá

2 comentários:

Wilton Matos disse...

Este ano vou desfilar no carnaval com o Nação Fortaleza. Conheci uma energia vibrante sob a regência desse tirador de loa Calé Alencar. Salve! Salve! Viva! Viva! O Maracatu Cearense.

Jan de IanSá disse...

Wilton, eu também vou sair na Nação Fortaleza, fui a um ensaio lá e gostei muito do batuque, mas nele quero dançar e sair de Negra.
Vida eterna e muito Asé ao nosso Maracatu Cearense!!!